quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Gre-nal: e o campeão do mundo PIFA.

Minha família é de loucos gremistas. Quando recebi a notícia de que passaria 6 meses na Europa, já planejava roteiros, viagens, museus, cidades... e uma das primeiras exigências foi a seguinte: Deise, leva a bandeira do Grêmio! Tira foto em todos os lugares! Sempre pergunta se os europeus conhecem o Inter! E fala muito do Grêmio!
Tentei "cumprir" tudo isso. Por isso, em todas viagens que fiz, procurei sair vestida com o manto tricolor. E como aspirante à pesquisadora, sempre levava comigo um bloquinho, onde além de anotar meus gastos, fazia uma contagem das camisetas de times brasileiros que via pelas capitais européias.
Alguns colorados não acreditam, mas encontrei gremistas em todos lugares. Me lembro de um corinthiano com a 9 do Ronaldo e um torcedor do Sport no Palatino, em Roma. Em Praga, além das camisetas da seleção com Kaká e Ronaldo em várias lojas do centro, me lembro de um são-paulino e de um botafoguense. Em Berlim me recordo de um flamenguista.
Foi assim até a última viagem. Eu comemorava (essas vitórias bobinhas que só torcedores da Dupla entendem!) enviando e-mails para meu cunhado colorado. Mas ainda faltava Paris. E foi lá que encontrei três colorados (e um palmeirense, que me passou o resultado do jogo Palmeiras x Grêmio que ocorrera na última quinta, 1x1, acabando com as esperanças da primeira vitória fora).
Dois coloroados acenaram de dentro do trem, enquanto eu e o Cleonardo saímos da estação: conversávamos distraídos, quando percebo uma movimentação no trem que partia ao nosso lado. Eram dois colorados enlouquecidos mostrando o distintivo colorado (eu, obviamente, estava de Grêmio). Eu retribuo, mostrando o meu. Nos despedimos trocando risadas e acenos. Aquele era o dia dos colorados. Caminhando do Jardim de Luxemburgo em direção ao Sena e à Bastilha, passa por nós um senhor que "vaia o Grêmio". Lógico, não tenho dúvidas, era vermelho.
Minha disputa com o cunhado estava perdida, mas fui compensada. Naquele mesmo dia eu e o Cleonardo esperávamos o metrô (eu ainda de Grêmio!) quando fomos abordados por um senhor simpático, que vem em minha direção e pergunta: "Grêmio, de Porto Alegre?" Naquele momento, o mundo parou. Luzes, sons, torcida! Só um gremista entende o momento. O senhor embarcou conosco e por mais de meia hora contou sobre a paixão pelo Brasil, tanto pelo futebol quanto pela MPB (o rapaz era fã de Elis!). Era natural da Tunísia e falava um português bueníssimo. A conversa foi maravilhosa, exceto pela parte em que ele chamou o Dunga de gênio, dizendo ser o melhor técnico do mundo por não convocar o Ronaldinho Gaúcho. Nós rimos.
Ninguém entende essa loucura da nossa rivalidade no Rio Grande do Sul. Aqueles que me acompanhavam nas viagens nunca entendiam como aquilo fazia tanto sentido a uma gaúcha torcedora fanática de um time da Dupla. Minha única conclusão dos seis meses procurando colorados é a seguinte: mais uma vez, o campeão do mundo Pifa!

obs: para quem não entendeu, dois esclarecimentos.
1- o Grêmio foi campeão do mundo em 1983, quando o campeonato ainda não era organizado pela Fifa. Os colorados, buscando diminuir a conquista do time de Portaluppi, anexaram ao seu "campeão do mundo" o termo "Fifa". A Fifa mandou tirar;
2- sobre o aviãozinho da foto, é tradição em Porto Alegre que o rival "encomende" um aviãozinho provocativo perante um fiasco do adversário para sobrevoar o estádio no jogo seguinte ao desastre. Tradição herdada do grande Cacalo, iniciada lá pelas anos de 1995. O avião da foto sobrevôou o Beira-Rio em 2007, após a eliminação na Libertadores (ou a desclassificação no Gauchão, perdendo para o Veranópolis?). Não me lembro, colorados me ajudem. hehe

Deise

Um comentário:

  1. O primeiro aviaozinho foi em 1996, no jogo Gremio 1x3 Goias, com a frase: "ELES ESTAO FORA", pq o Inter tinha sido eliminado do Brasileirao pelo Bragantino, um dia antes.

    ResponderExcluir