segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O tempo e a vida devagar

Você pode até viver num tempo determinado e fixo. Mas a vida é temporalmente diversa. Parece que a vida tem um poder de nos tornar devagar. Talvez porque sempre estamos muito ligeiros. E ligeiros de modos distintos. A criança e suas tendências a-espaciais e a-temporais é veloz. Não tem necessidade de fixar, estabelecer. Na verdade, ela é fixada e estabelecida. Devidamente temporalizados e espacializados (resistindo, cada um, a sua maneira) nós vivemos. Vivemos uma lógica de tempo especialmente guiada pelo trabalho: é o tempo de trabalho (o sério e necessário) e o tempo de ser - e de nada ter que fazer - (livre, do prazer). O envelhecer e o tempo me parecem que têm uma relação poética: é como se tivessem, intimamente, uma ligação de diminuir a velocidade da vida. O tempo é vagaroso, é a espera do final da vida. O tempo passa e cada vez mais é o fim.
Mesmo vivendo numa lógica de tempo hegemônica, ainda assim há tempos individuais. Os tempos nos movem e nos proporcionam individualidade, apesar de compartilharmos de um tempo único, uma lógica de vida idealizada. O tempo, apesar de sua unidade, é múltiplo na relação com cada um de nós. A vida e o tempo são, quase, a mesma coisa.

Deise

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